terça-feira, 29 de outubro de 2013

Livro Novo - Here comes November!


Novembro está chegando e ainda não caiu a ficha. Tudo bem, ele vai chegar, com ficha ou não, e vamos começar a maratona em busca da história perdida, correndo atrás das 50.000 palavras no Nanowrimo. Tive uma boa ideia para a história, mas de novo não anotei e esqueci (você vai dizer que estou forçando a barra, que sempre digo que tive uma boa ideia, mas esqueci porque não anotei... mas é verdade). Pelo menos dessa vez pensei em algo que pode ser significativo: esta história, que estou escrevendo sem escrever, ou não estou escrevendo e escrevendo ao mesmo tempo, esse narrador a procura de uma história, que me sugeriram que já é a história em si, e é isso mesmo o que estou pensando... Esse cara, que você ainda não sabe se é um homem ou uma mulher que conta a história, essa pessoa que busca outro homem e uma mulher, e uma irmã, que já sugeriram também de ser a personagem principal, quem sabe a busca por uma garotinha... Lá pelas tantas esse personagem que ainda não é um personagem podia se dar conta que a história que ele está buscando, e que está começando a escrever, é a sua própria história, e ele não lembra, porque por algum motivo sofre de amnésia.

Que tal?

Remember, remember... here comes November!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Livro Novo: Serendipidade


Serendipidade é quando você descobre uma coisa quando está procurando outra, meio sem querer. Pensei que esse é um conceito sensacional para começar a escrever uma história. Planeje antes, recomendam. Planejar o quê, se nem sei o que vou contar, e só posso saber o que vou contar depois de já ter contado? E assim nos aproximamos, assim como quem não quer nada, do Nanowrimo, o mês nacional de escrever romance, que no caso será novembro, quando estará fazendo um lindo outono no hemisfério norte. Hoje a cidade-sorriso está tendo um dia grey, outono em plena primavera para nos dizer: pare de procrastinar, escreva agora. Mas escrever o quê? Não importa o que: escreva. 50.000 palavras em um mês. Duvido que você consiga (sim, o Sabotador desafia!), mas como está escrito no site da Nanowrimo in english: vencendo ou perdendo, você é demais por pelo menos tentar. E é por aí.

E a história, Daniel?

Sentado no sofá hoje, vi a sombra de meus personagens, como acordar de um sonho, e eles se evaporaram na nuvem do inconsciente. Tinha uma mulher, um homem, talvez uma família, uma irmã, não sei seu parentesco – ainda. Uma criança? Talvez. Mas pelo menos consegui pensar (dessa vez anotei) que lá pelas tantas o narrador vai dizer de onde está narrando, e a história vai fazer sentido. Como ele foi parar lá? Por que está lá? E onde é “lá”, onde é “aqui”, de onde escrevo para você que me lê? E quem é você que me lê, e por que continua me lendo? Veja, a história está nascendo. Só tenho que continuar escrevendo e – tenho certeza – vou descobri-la. Vamos, você e eu. Apenas comecei a escrever, e você começou a me ler. Meio sem querer, é verdade, meio “não vou perder mais do que alguns segundos com isso”, mas você ainda está aqui, e já se passaram minutos. Horas, se você quiser me reler. Dias, se você quiser me reler.

Dói escrever. As costas, digo, não emocionalmente. Não neste momento. Mas preciso escrever pelo menos cinco vezes mais do que escrevi, se quiser chegar ao fim. E quando eu chegar, você ainda vai estar aí? Não vai se cansar e ir embora, desistir e parar de ler?

Saberemos quando eu terminar.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Livro Novo: Nanowrimo


Acabo de me inscrever no Nanowrimo. Sim, a partir de 1 de novembro terei (teremos, são vários ao redor do mundo) um mês para escrever um romance de 50.000 palavras. Hoje, portanto, é um dia histórico. Claro que pensei em desculpas do tipo “não vai dar tempo/não vou conseguir escrever as 50.000 palavras”, mas não tenho nada a perder, não é mesmo? Aliás, em dezembro teremos algumas respostas literárias, de um concurso e de uma editora, e não imagino melhor forma de esperar do que escrevendo.

Sobre o que vai ser meu romance, provisoriamente chamado de Livro Novo? Não sei. Um narrador a procura de uma história, e espero encontrá-la antes do fim. Hoje reli uns trechos do megaclássico Oficina de Escritores onde diz que não tem problema a gente não saber nada da história nem dos personagens, desde que a gente comece a escrever agora mesmo – e a história vai contar a si mesma. Parece uma doideira, mas tem um monte de gente que faz isso. E daqui a duas semanas, e por todo mês de novembro (outono no hemisfério norte; bem que podia ser outono aqui também, para dar um clima), milhares de pessoas ao redor do mundo estarão correndo a mesma corrida que eu, tomando muito café e dormindo pouco, atucanadíssimos para cruzar a linha de chegada das 50.000 palavras até a meia-noite de 30 de novembro. Combinei com alguns malucos de fazerem essa travessia, e espero que eles não me deixem na mão. Sei que a ideia é quantidade, não qualidade, e que a esmagadora maioria dos livros escritos são ruins. Mas não importa. Deve ser um exercício e tanto, especialmente porque nos obriga a exercitar a disciplina, a perseverança, e escrever sem nosso censor interno, sem se questionar se está bom ou não, original ou não, clichê ou não. Simplesmente escrever. Até os dedos quebrarem.

Até o parágrafo acima, foram apenas 305 palavras. Para escrever 50.000 palavras em um mês, temos que escrever 1666 palavras por dia, religiosamente todo dia. Sentiu a bronca? Mas a Sara Farinha disse que dá para escrever 50.000 palavras sem muita dor. O Diego, do Ficção em Tópicos, também conseguiu vencer o desafio, e ainda escreveu um diário de bordo muito massa da aventura. São quase 3 folhas de word por dia, fiz as contas agora. Me cansa só de pensar.

Mas se não conseguir cruzar o oceano, pelo menos vou morrer nadando. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Livro Novo (A Busca Continua)


Vamos tentar de novo.

De novo tive uma ideia muito boa hoje.

E de novo não anotei.

Talvez – provavelmente – nem fosse tudo isso, mas de novo escrevo. E de novo olho para a página em branco do word, que me olha de volta, e nada acontece. Começo a escrever sem ter a menor ideia de para onde o texto vai, muito menos para onde vai este livro novo que estou buscando, e sempre foge na última hora. Tem um diretor indiano que disse que faz filmes assim, que não tem a menor ideia do que vai acontecer, ou o que seus atores devem fazer, quando começa a filmar, mas se parar de escrever este texto sem assunto, ou talvez o assunto seja a falta de assunto, mais uma ideia vai pela janela. Personagem, preciso de um personagem. Homem, suponho, mas por que não pode ser uma mulher? Comecei a escrever a história da Isis, publiquei alguns contos aqui anos atrás, e parei, me disseram para continuar a história, para terminar. Mas talvez já tenha terminado, e nem sei se ainda quero falar de Isis, anos depois.

Sei que hoje entreguei meu portfolio para a teacher Carmem Castro, depois da prova, e vi o quanto preciso trabalhar, produzir, escrever todo dia, ler todo dia – leia mais! – para chegar onde quero chegar. Talvez já tenha chegado onde queira, que é exatamente estar escrevendo em uma tarde de segunda-feira, dizem que o que a gente faz na segunda faz a semana inteira – e onde afinal está este personagem, cadê o enredo? Talvez pudesse narrar a busca de uma narrativa, mas metalinguagens não costumam agradar quem não é teórico ou escreve ou pretende-se esperto. Gosto de metalinguagens, so what? Será que mais alguém que me lê gosta? E agora, o que faço com este texto? Para onde ele vai, para onde eu vou? Continuar escrevendo. Se estou em frente a um monitor e um teclado, algo deve acontecer. Veja, algo deve acontecer: a coisa ameaça aparecer. E então some.

Dizem que história a gente não inventa, a gente descobre. Ela já existe, temos apenas que encontrá-la. Onde está você, História, onde está você, Personagem? Silêncio. Mas pelo menos continuo caminhando, abrindo espaço nesta floresta de palavras até que a luz apareça. Ela há de aparecer, tenho fé. Tenho esperança, sim, ela há de aparecer. Enquanto isso, talvez leia o Bibbi Bokken, que mademoiselle Luciana Kellermann me disse que está cheio de metalinguagens. Devo uma reparação ao Jostein Gaarder por ter trocado seu livro no Skoob sem ler. Ah, tu não leu? Não li e daí? Pelo menos li o livro que me deram em troca, fui deixando para depois – falando em procrastinação – e o tempo de Sofia passou. Novas leituras, novas urgências. Será que alguém vai ler um texto deste tamanho no computer? Não importa, como disse Juan Carlos Onetti, em seu A Vida Breve: não posso obrigar você a continuar me lendo, mas você não pode me impedir de continuar escrevendo.  Então, escrevo. Daqui a pouco – espero – algo acontece.

PS – O nome do cineasta indiano que não consegui lembrar no começo deste texto é Shekhar Kapur. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Livro Novo (Remando)


Tive uma ideia hoje. Talvez porque depois do stress pós-traumático e pós-prova de hoje tenha me dado aquela urgência de preciso-encontrar-meu-lugar-no-mundo, e isso geralmente significa escrever, e cimentar palavras nesta pátria e esticando as frases como um corredor que, mesmo cansado, sabe que não pode parar, decidi começar a remar logo, até porque temos mais trabalhos e mais provas, então: escrevamos agora. Tem quem diga – e eu discordo – que a etiqueta literária recomenda frases curtas, mas vejo como minhas frases e meus fluxos vêm aumentando com o passar do tempo, e acho as frases elásticas, escrevo como falo, então não há tempo a perder com um ponto final. Ponto. E vejo como minhas digressões também vêm crescendo com o passar do tempo (será coisa da idade?), lembro de Clarice Lispector, que adorava fazer isso, e disse a certa altura de A Hora da Estrela, depois de várias páginas, que a história ainda não havia começado. Se eu parar para respirar, tenho certeza, vou me perder. Mas lembrei: a história ainda não começou. A história de como criar uma história, das voltas e voltas que a gente dá antes de fazer o que tem que fazer, mas talvez isso já seja fazer a coisa em si, de alguma forma.

Esqueci de colocar a hora em que comecei a escrever este texto para cronometrar minha corrida, mas agora já era. O caso é que vinha caminhando na direção do escritório da Distant Thunders, Inc., passei por um banco em que, quando o tempo permite, sento para um chimas ou uma leitura, e pensei em um personagem, já adulto, que se recusa a crescer, tipo um adolescente de trinta e poucos anos (vejam que escrevi dois parágrafos e meio só para dizer isso). Sim, mas e depois? Depois eu não sei, mas pensei que ele poderia ser um funcionário público que ameaça explodir o lugar, porque quer sair daquela vida e não pode (hmm, a coisa está surgindo). A Rosa Monteiro disse que o artista/escritor é alguém que nunca chega realmente a crescer, sempre imerso neste mundo de fantasia, típico da criança, e temos que produzir, para justificar o nosso crescimento abortado à sociedade.

Em todo caso, neste breve espaço que foi a travessia do parágrafo anterior até este, houve um telefonema e – o que eu estava falando mesmo? Que tinha tido uma ideia para um personagem, que nem lembro mais como era, ou lembro sim, mas agora ela já não me parece tão boa. Não importa. Vamos continuar remando.