sábado, 1 de janeiro de 2011

Every Story Told in 2011

Abrindo os trabalhos no ano de 2011, aqui na cidade-sorriso de Forno Alegre, na semana em que vão passar a 8ª e última temporada da série preferida deste blog, e vou fazer uma oficina free sobre formas breves no verão, enquanto os livros a serem lidos me chamam, assim como os contos restantes para o Laboratório da 8inverso, deixo Kip Winger e sua belíssima Every Story Told, cujo refrão é minha oração para você neste começo de ano:

Like an endless sea crashing into me
Hear the voice of love
See the change we make test the proof of fate
Speak you heart of gold
Be every story told

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

London Times



Saiu hoje no Caderno Viagem da ZH:

Tomar um café no Natural History Museum é uma ótima pedida para quem gosta de História. Atrás de nós, nosso anfitrião, o biólogo Thomas Henry Huxley. Logo ao lado, estava Charles Darwin (que não posou para a foto).

Eneida Costa e Daniel Rocha, maio de 2006.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Undertow

Pois que neste começo de madrugada (o relógio deste blog está seis horas atrasado, agora são 2 e 22) os deuses do rock and roll me mandaram um presente de Natal: o grande Mr. Big está de volta, com a formação original, e a faixa que abre o disco mostra que os caras não estão pra brincadeira.

Mas se você ainda não se convenceu, aumente o som.

Nada mal para brindar o ano novo vindo aí, não é mesmo?

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Sugestões para atravessar o verão

Aproveitando o ano que está indo e a proximidade do verão e todas as suas efervescências – que honestamente detesto –, enquanto revejo John Blackwell quebrando tudo com Everlasting Love (presente para o Marcelo Martins, que adora funk), e deixo as valiosas dicas de equilíbrio emocional para escritores, posto hoje um texto inspirado nas “Sugestões para evitar...”, da Hilda Hilst, fruto da oficina com o Diego. E uma homenagem àqueles que, como eu, contam as horas para a chegada do outono.


Sugestões para atravessar o verão, seguido de fim de relacionamento

1)Aceite o fato de que você vai sentir raiva. Não só porque você está de volta ao rebanho desgarrado dos solteiros, mas especialmente porque todos amam o verão, esperam o ano inteiro pelo verão, estão felizes e MUITO sorridentes.

2)Seu primeiro impulso vai ser querer ir pra galera e se afundar na farra, não apenas para tirar o atraso e a abstinência impostos pela vida de casado, mas também por causa da raiva (lembre-se da dica nº 1). Resista a esse impulso. O mito de que para esquecer um amor só com outro amor é mentira. Não se tapa um buraco com outro buraco. Além do mais, 99,9% dos relacionamentos iniciados no verão e na praia não sobrevivem na cidade, ou em todo caso à terça-feira gorda. Se você acha que o seu caso vai ser o 0,1% que vai vingar, é melhor tomar uma ducha. E por falar em terça-feira gorda:

3)Mantenha-se afastado da televisão. O problema não é se sentir mal com os trios elétricos, Ivetinhas e axés em geral. O problema está em se acostumar com isso, e seguir contaminado para além de março. Tenha sempre a mão cds de rock, mesmo que você não goste de rock. Nunca falha.

4)Faça as pazes com o fato de não ter dinheiro para ver a neve em Londres ou Nova Iorque. A vida é injusta. Mas esqueça o trabalho e os estudos e durma o dia inteiro. De noite é mais fresquinho.

5)Coloque na lista do Papai Noel um novo relacionamento. Tudo bem que o ano está recém começando e tem todo esse calor horrendo pela frente, depois outono, inverno, primavera. No fim dá tudo certo. Mas primeiro você vai ter que sobreviver ao verão.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ozzy e as Doces Obsessões

Começando dezembro, escutando o novo Ozzy, no dia em que mofei na fila para comprar ingressos para ver Mr. Madman
daqui a quatro meses, deixo a breve história escrita originalmente para o Histórias do Trabalho, e me despeço com Let me hear you scream:


Doces Obsessões

Tenho um emprego e um trabalho. Em meu emprego chego de manhã, não muito cedo, e vou embora de tardezinha. Em meu trabalho, não tem hora para começar, muito menos para terminar, trabalho todo dia o dia todo, noites e noites sem fim. Meu verdadeiro ofício começa quando a vejo, ela me olha de volta, eu sorrio, ela sorri, ou acho que ela sorriu, alguns segundos depois estamos casados, depois bodas de prata, mas ciúmes retroativos do que ela fez como fez com quantos fez há quanto tempo não faz anuviam minha mente, ela vai me largar, como todas as outras, de novo, nascido para ser um fracasso, e só penso nisso todo dia o dia todo, e os outros trabalhos, pelos quais recebo no fim do mês, vão se acumulando na mesa nesta prisão que chamam de agência publicitária, e quando penso em criar um anúncio para vender meu coração, eterno cigano, e vender também a menina para quem o dei, com quem sou casado, celebramos aniversários, e me traiu com todos os meus amigos, só então percebo que aquela menina apenas sorriu e foi embora. Então aguardo ansioso o próximo rosto, o próximo sorriso, o próximo casamento, a próxima obsessão.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Godoh, Leminski & Ísis

O papo com o Fabio Godoh estava muito legal segunda passada (juro que se ele me mandar o mp3 da conversa, posto aqui) e um trecho que achei particularmente adequado à Resistência foi quando ele citou Leminski, que dizia que é fácil ser escritor aos 18 anos, com 15 é mais fácil ainda. Quando chegamos aos vinte e poucos, a coisa complica. E se alguém chega aos 30 e ainda quer ser escritor, esse alguém é um herói. Com 32 aninhos, acho que posso me enquadrar na galeria. Também (se rolar outro convite, claro) em breve talvez esteja lendo trechos de ficção nas madrugadas do Chimia Geral. E falei no Laboratório de Autores da 8inverso, então aproveito a deixa para postar meu primeiro conto, a apresentação da minha nova personagem, esta aí dos parágrafos abaixo:


Não sabia do que se tratava esta história até chegar bem perto do fim.

Na mesa em frente, o homem olhou para o anel no anular direito de Ísis, direito da mão de noiva, depois olhou para seu rosto e sorriu, como quem diz não se importar, não conto nada se você também não contar, mas Ísis sabia, e isso era suficiente, então voltou-se para o café abaixo dos seios, cobertos como véu de vidro. Ísis usava All Star roxo, mulher que é mulher usa All Star, detestava as peruas. A cartomante falou em uma mulher morena de cabelos ondulados, mas ela mesma era morena de cabelos ondulados e metade das mulheres que conhecia eram morenas de cabelos ondulados. Não importa, havia uma mulher, e ela tomou outro gole do café, o homem a sua frente insistindo, incitando, convidando, tentando. Mas o anel estava acima de flertes, de uma noite e nada mais, um almoço e nada mais. O anel era sinal de que Ísis tinha de quem esperar flores, eu te amos a cada vez que se falavam pelo telefone, e ela ainda tinha que entregar sua monografia, mesmo que a faculdade não estivesse rendendo muito. E então tomou a decisão, tinha que fazer alguma coisa, se levantou, pegou a monografia surrada e foi saindo do café. Ouviu o fiu-fiu atrás de si, tão bobo quando um homem assobia para uma mulher, mas sentiu o sobre o estômago doendo, aquele assobio talvez fosse mais verdadeiro do que a outra parte daquele anel, os dois que deveriam ser, o elo da corrente sem elo, e foi com a cara fechada, que nem hominho, caminhando até o ônibus que a conduziria para a faculdade. Pelo menos o All Star não tinha som de cavalos trotando, como os tamancos das patrícias.

Subiu no ônibus, sentou ao lado da janela, nem quis folhear a monografia. Agora não dava mais tempo de mudar, não queria ser surpreendida na última hora por erros de ortografia impressos: o único erro pipocando ante seus olhos era aquele anel. Ouviu nos corredores, porque mulheres sabem ser maus como nenhum outro ser quando têm inveja do amor alheio, que ela estava sendo traída. E haveria uma festa, para a qual – é claro – ela não havia sido convidada, uma pequena confraternização de fim de ano na sala dos professores, que ficava no mesmo corredor onde ela deveria entregar sua monografia. Quando desceu do ônibus, trilhou com pesar a passarela, querendo mais do que tudo não ter que ir, mesmo que tivesse que fazer vestibular de novo, cursar as mesmas cadeiras, ser pintada, amarrada e passar halls de boca em boca no mesmo trote, qualquer sacrifício era menor do que aquele: eles estariam na festa da sala dos professores, os dois, e ela não era o um que devia somar com mais um, era um vértice solitário de triângulo que devia ser redondo, que devia ser dois, e não três, nunca três, era mulher ciumenta e possessiva, era mulher, ponto. Mas caminhando no saguão, o jeito ríspido no caminhar, parecia soldado, parecia guerreiro, o pânico em frente à multidão de estudantes sobre os bancos, em volta do chafariz, os lugares por onde ela sempre passaria e lembraria da pessoa que um dia disse que ia ficar com ela, que queria ser sua, só sua, e nada mais.

Ísis subiu a escada, não podia confundir as portas, passou pela secretaria e caminhou sem olhar para os lados, as portas fechadas. A da esquerda era a sala dos professores, já podia ouvir a música ao fundo, malditos sejam, a da direita era seu destino, entregar aquele monte de folhas escritas nas madrugadas, no pouco que dormia antes de regressar à agência, e tentar não pensar, impossível não pensar, não entre na porta da esquerda, a música, os risos, jurou ter ouvido tilintar de copos, e ela abriu a porta da direita.

Ali dentro alguns professores e alunos confraternizando. Ísis não viu mais nada, apenas o homem de cabelo bem aparado, perfume de homem, braços e peito de homem, peito a peito com a menina morena de cabelos ondulados. Estavam dançando, uma música lenta, os dois se perderam um no outro, mergulhados com os olhos fechados de rosto colado, uma lentinha para os enamorados, eles nem tinham notado Ísis, que se aproximou, os professores olharam para ela, talvez fosse convidada, não deram importância, ninguém daria importância, e Ísis parou ao lado dos dois. A música parou junto. Eles acordaram e viraram para Ísis, que beijou a boca da menina, prendendo seu rosto com as duas mãos, e sorriu para o homem:

— O negócio dela é outro, Romeu, ela disse e olhou para a mulher com olhos de homem assassino. E falou com raiva de homem, com ânsia de homem, xingou como homem: — Vadia.

Ísis tirou o anel e jogou no chão, saindo feito vendaval. Só quando voltou ao corredor, sozinha entre as paredes, chorou que nem mulher, que nem menina, que nem princesa.

Desceu as escadas, a visão nublada, enxugou os olhos e já estava a sair do saguão quando ouviu um estouro. Parecia uma bomba. O enxame de gente infestou o saguão, a visão continuava nublada. Coração nublado. Os bombeiros chegaram, disseram que alguém tinha colocado uma bomba no banheiro, na sala que ficava à esquerda, onde Ísis quase entrou, talvez alguém que não tivesse terminado sua monografia, aquele era o último dia, mas decidiram evacuar o prédio, e o prazo ficaria para a semana seguinte.

Ísis caminhou até a entrada da faculdade, andando pela passarela no caminho pregresso até trombar com uma menina, a última da fila do ônibus, toda maquiada, com tanto ruge que parecia ter sido espancada, reconheceu o Scarpin em seus pés, Ísis pediu desculpas, a menina sorriu, mas Ísis virou o rosto. Detestava peruas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Encerrando a Feira com Godoh

Segunda-feira estamos encerrando a Feira e, aproveitando o feriado, vou conversar com meu ex-colega de oficina e atual radialista Fabio Godoh, ali na Casa da Band, do meio-dia a uma da tarde. Falaremos ao vivo também pela rádio dos loucos.

Se tiver de banda, sintonize. Ou apareça.

Talvez até leve uns trechos inéditos dos meus livrinhos para ler.