quarta-feira, 20 de março de 2013

Os Seis Anos da História de Carol


Celebrando que começamos o glorioso Outono hoje, registro que há exatos seis anos (19 e 30, para ser mais preciso), comecei a rabiscar a história de Carol no caderno. O então Homem no Espelho era para ter sido concluído em três meses, mas levou mais de três anos, e só terminei de escrever, e ainda no caderno (embora também tenha escrito muitos trechos no computador), no fim de agosto de 2010. Aliás, se quiser conhecer essa epopeia, contei tudo quando terminei a história.

Algumas pessoas leram, umas gostaram, outras nem tanto, e achei que aquela versão tinha alguns problemas de voz narrativa e fluência. Então comecei a alimentar a ideia de escrever uma nova versão. Afinal, o Sr. Narrador tinha mudado e consigo a história que queria contar. E então, em outubro de 2011, um dia depois de ter voltado definitivamente de Taquari, e com aquele clima de novos começos, comecei a escrever a nova e atual versão (como você pode ver aqui).

De qualquer forma, ainda falta o último dos três capítulos para encerrar esta versão, que espero que seja a definitiva. Logo, não posso dizer que terminei de fato a História de Carol (ou O Homem no Espelho, ou seja lá o nome que ela vai ter). De qualquer forma, registro aqui para abrir os trabalhos na estação dos dias cinzas (e celebrando que o friozinho voltou, milagrosamente, antes este ano) e deixo a música que inspirou a fagulha inicial da narrativa (e vendo o vídeo, de alguma forma, tem a ver com o que eu queria contar), a linda How far will we go.

Em tempo: boas novidades literárias se anunciam. Águas de março fechando o verão e a promessa de vida no meu coração.

segunda-feira, 4 de março de 2013

Consultor fala em Março


Encontrei ontem o Adriano D' Avila, com quem já estudei Tai Chi Chuan, e ele me perguntou o que eu andava fazendo. Respondi que escrevendo e trabalhando com dependência química. Ele disse, que interessante você falar isso, porque também estou trabalhando com dependência química, fazendo um serviço voluntário ensinando Tai Chi e filosofia oriental em comunidades terapêuticas. Concordamos que nada é por acaso, depois de anos a gente se encontrar e falar disso, ambos no mesmo métier, e sugeri de ele ir até a Cruz Vermelha e quem sabe fazer um voluntariado lá. Ele me sugeriu de eu falar sobre isso aqui, já que tenho um blog. Eu, que acredito em sinais, achei que aquilo fosse um sinal e vim para casa pensando nisso. Nunca falei sobre meu trabalho com dependência química aqui no Distantes Trovões, porque teoricamente este é um blog sobre literatura, meus escritos e egotrips com gostinho de literatura, mas pensei: se tenho duas profissões, por que não falar delas aqui? Afinal, se você escrever “Consultor em Dependência Química” no google, dificilmente vai ser direcionado para cá. Então lá vai:


Sou voluntário da Cruz Vermelha há mais de dois anos, no Ambulatório (para álcool e outras drogas, e que teoricamente é um Caps AD - não somos ainda, embora a rede pense que sim). Atualmente coordeno dois grupos lá, o grupo aberto na quarta e o grupo de preparação de fim-de-semana na sexta, ambos às 10 e meia da manhã (nos moldes dos grupos de prevenção à recaída). Já trabalhava voluntariamente com dependência química há alguns anos (este ano completei 7 anos na área), fiz o Curso de Formação de Consultor em Dependência Química do Hospital Mãe de Deus, a primeira e única turma que teve, pelo menos por enquanto (antes da UDQ se mudar), coordenados pelo Arnaldo Broll Woitowitz e pela Alessandra Mendes Calixto (que me deixaram com saudades das aulas e de seus ensinamentos), a mesma turma que formou a Gesiele Marcondes, e onde tivemos aulas com o pessoal do Cefi também.

Que mais?

Também fiz o curso Prevenção ao uso indevido de drogas – Capacitação para Conselheiros e Lideranças Comunitárias, do Senad (ou Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, para os não-iniciados), em conjunto com a Universidade Federal de Santa Catarina. Também trabalhei na Clínica Santa Terezinha, em Taquari, e trabalhei (e trabalho, caso você precise) como A. T. (Acompanhante Terapêutico, caso você não esteja familiarizado com a sigla). Se quiser contratar meus serviços e ver preços, deixe um recado aqui ou mande um e-mail para 
distantestrovoes@gmail.com, tcherto?

[Ah, também tenho graduação em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda, pela PUCRS - mas não espalha, tá? :)]


Neste mês começamos o glorioso Outono, redescobri o clássico Mingus Ah Um, de um dos maiores mestres do baixo do jazz Charles Mingus, agora que estou me preparando para ler sua autobiografia, e estou até – pasmem – dando umas caminhadas a fim de começar a correr, inspirados por este belo texto sobre por que os escritores devem correr, mas sobre isso falo mais em próximos posts.



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Escolha o melhor título de livro


Digamos que eu esteja escrevendo a segunda versão de uma novela. Mesmo que você ainda não saiba do que se trata, qual destes títulos você acha melhor...?

O Homem no Espelho

Doces Meninas com Quem Passei uma Temporada no Inferno

A História de Carol

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Escrever é um ato de fé - Segunda Parte


Pensei em escrever hoje. Decidi sentar aqui. Não tenho tido tempo de sentar em frente ao monitor, tenho trabalhado fora e o mais perto de produzir um texto que tenho conseguido são as valiosas anotações em meu bloquinho sobre os igualmente valiosos comentários da única pessoa que leu os trechos iniciais da nova versão da história de Carol, um amigo meu que também escreve e é uma cabeça pensante. Não cito o nome dele aqui pois ainda não pedi permissão. Nem sempre peço, é verdade, mas se ele concordar falo dele em breve. O caso é que tenho pensado na história de Carol, assim como na de Pedro Revell, dois protagonistas das narrativas mais longas que já escrevi até hoje (ambos ainda inéditos), e há pouco tempo decidi que, já que eles têm um fio condutor entre eles (no fundo são quase o mesmo personagem, só que em diferentes fases da vida), pensei em fazer uma trilogia. Imagina só, Cinquenta Tons com Distantes Trovões (desculpe, não podia perder a piadinha).

Enfim, reli agora o texto sobre escrever ser um ato de fé, e para a fé crescer, a gente tem que praticar. O trabalho que realizei até ontem não me garante o dia de hoje. Assim como o trabalho do dia de hoje, produzir neste exato momento, não me garante o dia de amanhã. Escrever é algo que os loucos fazem para se sentirem normais. É algo a partir do qual, para quem tem falta de auto-aceitação, as pessoas ganham aceitação, quem sabe até façam as pazes com a vida como ela é, depois que escrevem. Mas têm que escrever. Só há uma coisa a fazer, ouvi ontem no almoço, com outro amigo que também escreve e recém passou para o Mestrado em Escrita Criativa (também não vou citar seu nome – ainda –, não sei se pode). Só há uma coisa a fazer, disse ele: baixar a cabeça e trabalhar. Baixar a cabeça e escrever. Só existe uma maneira de fazer, disse ele tempos atrás: é fazendo. E neste exato momento estou cumprindo o Mandamento de Plínio, o Velho (ah, os tempos da Oficina do Assis!), sobre praticar sua arte sistematicamente todo dia, mesmo que só um pouco, contando a história de Apeles de Colofón, o retratista oficial de Alexandre, o Grande, dizendo nulla dies sine linea: nenhum dia sem uma linha. Nenhum dia sem uma frase.

Mas dos que não pedi permissão para citar, e vou citar mesmo assim, queria deixar um abraço para o Ewerton, que pouco antes de eu começar a escrever este texto, deixou um elogio ao Distantes Trovões no meu Skoob. Seja bem-vindo. Também será um prazer te ter como lido na minha estante em um futuro próximo.

Enquanto isso, caros Leitores Anônimos do Distantes Trovões Ponto Blogspot Ponto Com, aguardem novidades.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Antes dos 35


Neste blog de muitos acessos diários e poucos comentários:
Amanhã temos aniver.
Dia 15 de fevereiro sai o resultado do prêmio dos 1504 inscritos.
Novos livros em avaliação. Grandes editoras, grandes expectativas.
Muito trabalho, nem tanta literatura quanto gostaria.
Lendo A Arte da Ficção.
Destilando em Forno Alegre.
Still we try.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

5 minutinhos diários


Falando em escrever ser um ato de fé e produzir a materialidade de um texto, abrindo os trabalhos neste ano que começou em uma terça, dia do senhor dos trovões, escrevo agora. Ontem soube que meu rebento está concorrendo com outros 1504 inscritos no concurso cujo resultado sai em abril. E tem uma editora porreta analisando meu texto. Ontem também Ali Luke deu a dica para uma bela resolução de ano novo: escrever (ou editar) pelo menos 5 minutos por dia sua ficção. 5 minutos não é muito, mas por isso mesmo não tem desculpa para não fazer. São só (ou pelo menos) 5 minutinhos. Em algum ano passado, talvez tenha sido 2004, quando ainda morava em casa, consegui aplicar a técnica dos 5 minutinhos diários à bateria. Deu certo. Na primeira versão deste blog, perdida para sempre nos confins da internet, consegui fazer 100 solos de bateria, em 100 dias consecutivos. Uma das técnicas mais legais que sei (rulo de um na mão direita, rulo de um na mão esquerda, dois toques no bumbo e distribuir isso pelos tambores), aprendi naqueles 100 dias, em que consegui me dedicar (pelo menos) 5 minutinhos diários. E a ideia de Ali é se dedicar pelo menos 5 minutos a sua ficção. Muito legal escrever posts de blog ou artigos, mas o assunto agora é ficção. Sim, tudo é escrita, tudo é óleo para a máquina. Mas a gente exercita músculos diferentes quando está criando ficção, diferentes de quando simplesmente sento aqui e escrevo o que estou pensando. A crônica tem um compromisso com ser sobre alguma coisa, as pavorosas redações de vestibular têm o compromisso de não fugir do tema. Meu único compromisso neste exato instante é escrever. Depois vou ter outros, mas neste momento é apenas escrever.

Depois retomaremos a história do trabalho socialmente necessário, agora que as férias aqui no escritório da Distant Thunders Administration estão acabando. Concentração, disse Murakami. Quero aumentar as horas de leitura, mais livros e menos blogs (rá rá), ainda mais que novos projetos se aproximam, e o tempo que já é curto vai ficar mais curto. Mas como o dia é hoje e a hora é agora, acho que posso escrever mais um pouco, ler mais um pouco, depois tomar um coffee, curtir um som, e assim vamos. Agora é hora. E mesmo que hoje (ainda) não foi ficção, me dediquei mais do que 5 minutinhos a produzir. Funciona.

Agora, se você tem mais um tempinho, as dicas culturais do dia são esta bela entrevista com editor, e aprender mais sobre a escrita como profissão.

Mas se não tem mais tempo, então organize sua vida.

Depois aprenda como desenvolver o hábito de escrever diariamente.

E não esqueça das 8 desculpas para não escrever hoje.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Escrever é um ato de fé


Bem, já que o mundo não acabou, vou escrever.
Escrever é um ato de fé, e preciso praticar até que a fé se torne convicção.
Preciso do trabalho socialmente necessário, ou seja, todas as condições necessárias (estar mais ou menos bem alimentado, ter um teclado, uma caneta e um papel, uma porta fechada, ninguém interrompendo, nenhum telefone tocando, quem sabe uma madrugada como agora e quem sabe o jazz) para simplesmente sentar e escrever, sem outras preocupações. Talvez escreva com Art Farmer e Gigi Gryce e me lembre que até as distrações, até o café que tomo, até – principalmente – a contemplação, que os pobres de espírito acham que é fazer nada, tudo isso faz parte do processo de criação, e tudo pode desde que ao fim de tantas ideias pairando no ar se tenha um resultado material, um texto. Simplesmente escrever, que também é uma forma de viver, segundo Flaubert.
A materialidade do que um artista cria é o resultado de todas as suas vivências, o ambiente e a família no qual ele foi criado, os traumas, as alegrias, as decepções, as lutas, os sonhos. O amor, é claro. Por alguém ou por algo. Pela sua arte, pelo fazer, pelo realizar. Esqueça a ideia de ensaio, disse Stephen King. É simplesmente fazer aquilo que você ama fazer, aquilo no qual você é bom (seja aquilo o que for) até seus dedos quebrarem e seus olhos caírem, e cada performance é única. Você dá seu melhor, mesmo que o melhor não seja o melhor, mas seu possível. Seu melhor pode ser uma frase, e uma frase ruim. Mas ainda assim, ela existe, é real. É material. Lembro que a primeira vez que um projeto para um livro de contos meu foi recusado, mais de dez anos atrás, um dos carinhas da banca atacou meu argumento de que literatura não é feita de ideias, mas sim de palavras. Dizia ele (tenho as cartas de recusa até hoje) que um cardápio de restaurante e uma bula de remédio são feitos de palavras, e a literatura é que é feita de ideias. Ao longo dos anos, sempre lembrei dele como um mané, que recusou o projeto e nem entendeu o que eu quis dizer. Literatura é feita de palavras, não de ideias, assim como a música é feita de notas e de compassos, não de ideias. Sim, temos uma ideia para uma história, mas temos que juntar fumaça e transformar aquele monte de ar em palavras. Do contrário não temos um texto. Do contrário, qualquer um – qualquer um mesmo – que tivesse uma simples ideia para um livro seria capaz de escrever um livro; qualquer um que conseguisse assobiar uma melodia seria capaz de realmente fazer um arranjo e tocar os instrumentos, criando assim uma música, com corpo. Mas não é assim que funciona. Precisamos da materialidade, do produto final, quantificado em 3 ou 3000 notas; em 3 ou 3000 palavras, quem sabe 300.000, porque a gente só lê o resultado final de um livro. Não lê os rascunhos, as páginas jogadas fora, as frases deletadas, até as ideias rabiscadas no bloquinho. E sem esse monte anônimo, que jamais veremos, o produto final não seria possível.
Deixo aqui um abraço afetuoso para meu bom amigo René Cabrales, cujo agradável almoço de ontem me fez levantar para escrever de madrugada hoje (as madrugadas são a prime time para escrever e ouvir música com fones de ouvido, sonhar, viajar. Ler, escutar e observar também, porque tudo, como ele diz, é income, até as conversas que a gente ouve na mesa ao lado. Tudo é material para o moinho).
Enfim, Natal é hoje, Ano Novo é hoje, Março é hoje, Segunda-feira é hoje. Outono é hoje. Já que o mundo não acabou, hoje vou escrever.