sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Resistência & Café

As minhas experiências no terreno da ficção não lograram aceitação crítica ou de público, até que, escondido num pseudônimo, o Ninho de Cobras obteve o Prêmio Walmap. Mas convém não esquecer que o Ninho de Cobras, antes de entrar no concurso, foi recusado pela Editora Expressão e Cultura, sob a alegação de que não era um romance e eu estava perdendo, na ficção, um tempo precioso que poderia ser canalizado para a poesia. Conto esta história porque, para mim, tanto o aplauso como a vaia, o silêncio e o rumor, têm a mesma significação. Considero-os ingredientes imprescindíveis de qualquer trajetória literária. Acho que, se alguém sente em si a força ou a compulsão da vocação, deve seguir o seu caminho, pois tudo são caminhos. Que seja célebre ou obscuro, que tenha leitores ou não, que os críticos o louvem ou escarneçam dele, tudo isso é secundário.

Um escritor não deve se preocupar com a ressonância da sua obra, deve deixar que ela siga ou abra o seu caminho. Deve procurar escrever sempre o seu melhor livro, contribuir para o enriquecimento do patrimônio literário de seu país. Em suma, um escritor não deve esquecer-se jamais de que é um profissional solitário.

Lêdo Ivo, entrevista a Edla Van Steen. In: Viver & Escrever - vol. 1. Ed. Lpm.

Enquanto isso, talvez passe um café para reler o belo Café Ancien, e a vida segue.

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