quinta-feira, 9 de junho de 2011

Primeiro post no new computer

Estas são as primeiras palavras que escrevo com computer, teclado e, principalmente, monitor novos. Depois de uns dias out of system, aproveito a quinta-feira (teoricamente o dia em que meus outros compromissos se aliviam) e estreio ferramenta nova. Para mim que escrevo – para você que me lê, sei que não faz muita diferença. Mas estou acostumando com digitar em um novo teclado (a velocidade vai voltando aos poucos, parece como reaprender a andar), e acostumando com a tela nítida e caracteres grandes, incrivelmente claros, depois de ver meu monitor, fiel companheiro por exatos 10 anos, agonizar meses a fio. Novos começos, não é mesmo? A vida tem que seguir em frente. Claro que agora vou – imagino – aumentar minha cobrança interna para produzir literatura. Aliás, tenho que reler alguns textos, polir, esculpir, reescrever. O mais difícil, como tudo, é começar. Mas começar é preciso, de algum modo. Como disse Stephen Koch, na frase de abertura de sua Oficina, “só existe uma maneira de começar: é começar agora”.

Pelo que ando lendo sobre Miles Davis e Dostoiévski, os caras eram extremamente dedicados. Quer dizer, os grandes sempre foram dedicados, independente da área. Miles ia na biblioteca e no museu pegar emprestadas partituras de Stravinsky e outros clássicos para aprender e estudar, coisa que muitos de seus ídolos jamais fizeram. Dostoiévsky foi leitor diligente, construindo seu talento com constância e disciplina ao longo dos anos (a frase do dia: “Quero escrever um romance, e não descansarei enquanto não conseguir”). E isso com contas batendo, fome, prisão, exílio fora e dentro de sua própria terra natal. Mesmo que tenham se passado anos, eles me ensinam a mesma coisa: continue resistindo, ignore as dificuldades, siga em frente. Se não fosse a sua perseverança, beirando o inabalável, eu não estaria divagando sobre sua obra em um fim de tarde em pleno outono de 2011.

Também vou poder estudar, agora com as aulas mais claras frente aos meus olhos. E tentar manter meu foco. E enquanto penso em como encerrar este texto, lembro de Coltrane, que fazia solos quilométricos quando estava na banda de Miles, e depois em sua carreira solo, justamente por não saber como encaixar e concluir a sequência de notas sobre as quais vinha improvisando. Mas como não sou Trane, é melhor ficar por aqui.

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