terça-feira, 6 de agosto de 2013

De volta às aulas

Depois de terminar o ótimo Cartas a um Jovem Terapeuta e ter comprado O Livro da Psicologia, começamos as aulas ontem. Fizemos um exercício muito legal em Planejamento de Carreira, na linha do “o que me vejo fazendo daqui a cinco anos”,  e escrevi o básico: ter meus três livros já escritos publicados, ter escrito mais um ou dois, quem sabe ter meu próprio consultório ou dividi-lo com alguém e – é claro – ter ido no Programa do Jô pelo menos uma vez (esqueci de colocar o “fazer um solo na bateria do Miltinho”, mas não se pode lembrar de tudo, n’est pas?). De qualquer forma, hoje tivemos Desenvolvimento 1 – Infância e tivemos um momento bacana na aula vendo trechos de desenhos da infância e depois relatando que sentimentos aquilo nos causava, no sentido de ter vivido um período bom (e sem responsabilidades, pelo menos em relação ao que hoje se entenda por responsabilidades de gente grande), e saber que aquilo pertence a um momento que passou.

Bom, segundo a Rosa Montero, um escritor é alguém que nunca chega realmente a crescer, com essa coisa de ficar inventando histórias, vivendo em dois mundos constantemente, e o Jô Soares disse (de novo o Jô...) que o termo play (como tocar), no sentido de criar ser uma brincadeira, no melhor sentido da palavra, para o artista é como a criança que não deixa de brincar por nada, que tem que ser arrancada da brincadeira, porque ela parece viver para aquilo. Pensei hoje que uma grande influência literária que tive foram os Comandos em Ação que passava horas posicionando, antes da invasão na base pelos Cobra, e o cuidado com os detalhes, pensar nas possibilidades. Hoje ouvi sobre a importância do brincar, e lembrei disso. E, falando em termos de hoje, e como adoro jazz, nunca tinha percebido como o jazz influenciou temas de desenhos, como os Flintstones e, claro, os Jetsons.

Então meus primeiros abraços acadêmicos neste mês das vocações vão para o Contardo Calligaris, que agradeceu minha confiança (depois que eu disse que me identifiquei com seu livro e preenchia os requisitos para ser terapeuta enumerados por ele, ainda mais depois dos anos de Cruz Vermelha), e fez votos que meu caminho seja prazeroso. Aliás, enquanto escrevia meus planos para os próximos 5 anos, lembrei dele e pensei que posso um dia ter minha própria coluna no jornal (who knows?), que nem ele tem na Folha. Obrigado pela resposta. Também queria deixar um abraço para minha professora Evelise Waschburger, que encerrou a aula com os desenhos hoje e, com isso, me deu material para escrever este texto.

Acabo de lembrar do Menino Maluquinho (ficou faltando esse), que no fim se torna “o cara mais legal do mundo. Mas um cara legal mesmo”. E acho que é por aí. Seguimos em frente, mas sem perder o encanto.

2 comentários:

  1. Creio que nesse livro o Calligaris fala da experiência dele, que ele foi fazer um estágio numa clinica ou escola e um menino senta no colo dele e lambe seu rosto. Ao invés de ralhar com o piá ele limpa a baba é diz que está tudo bem ou coisa do tipo. Sei que ela acolhe o piá ao invés de escorraçá-lo. Sei que o terapeuta tem que ter algo acolhedor e generoso. Minha terapeuta fazia exatamente isso, me acolhia, por isso funcionou. Acho que escrever é uma espécie de ato divinatório, uma comunhão da terra com o céu, em parte um exercício altamente complexo e racional ao mesmo tempo em que é subterrâneo, inconsciente e transcendente. Acho que tu leva jeito inclusive para trabalhar com crianças. Naquele foto de Albatross que tiramos esse ano tu parece um menino. Cara, te escrevi um emaail. aguardo news, sigo devendo o café. Tem aula todos os dias? termina que horas?
    Abraço

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    1. Grande! Essa aí valeu o dia. Obrigado pelo comentário. Esse lugar em que o Calligaris estagiou era um lugar onde só havia crianças sem pais e que ninguém queria saber delas. Ele ganhou a confiança do guri porque não correu com ele. A criança não estava esperando isso. Sim, o terapeuta é acolhedor, ouve atentamente e sem julgar.

      Adorei a parte da literatura como uma comunhão entre o céu e a terra e a parte que pareço um menino (trabalhar com crianças? who knows?)

      Já respondi teu mail. Tenho aula todos os dias, termina 11:45. Se quiser aparecer, te deixo pagar o almoço.:) Aquele abraço

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