segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Livro Novo

Comecei a escrever livro novo hoje.

Isso é tudo o que sei dele até o momento.

Tive uma aula muito fera sobre Procrastinação hoje, a arte de deixar para depois as coisas importantes. A arte de começar a fazer uma coisa e parar para fazer outra coisa, e parar para fazer outra coisa, ad infinitum. Tipo quando começo a escrever um texto e paro porque preciso ver os e-mails mais uma vez, até completar as 352 vezes que vejo e-mails por dia. Ou quem sabe quando começo a escrever um texto, e paro para ir lá fazer um café (neste momento me vem à mente a ideia de ir lá tomar mais uma xícara, mas vou exercitar o foco. Tenho que escrever, tenho que produzir, tenho que concluir o post para este blog de muitos acessos e poucos comentários, tenho que.). Paro para pensar: o que vem agora? Momento distração. Lembro que também pensei que hoje é um dia para estabelecer um horário de leitura, uma hora por dia pelo menos, podia ser das 11 até por volta da meia-noite, tipo o jazz (vamos ver quanto tempo vai durar, rá rá). Mas hoje ouvi que “nunca haverá um dia ideal” e pensei que o único dia realmente ideal é hoje. Então decidi começar a escrever livro novo hoje. Hoje que ganhei como exercício monitorar os horários do meu dia, das 7 da manhã até meia-noite (no quadradinho 14:30 da segunda-feira vou colocar, orgulhosamente, escrever. Quem sabe escrever livro novo). Sempre deixei para depois, no verão achava muito quente, no inverno muito frio, só vou escrever quando for outono, mas hoje o céu está maravilhosamente cinza (gosto de dias grey, e daí?). 

Então escrevo. 

Escrevo livro novo. 

Quer dizer, comecei a escrever livro novo. 

Sobre o que vai ser? Talvez depois que eu terminá-lo eu saiba do que se trata, que nem a Isabel Allende faz. Pensei que podia ter um personagem que não sabe o que vem a seguir (qualquer semelhança é mera coincidência, é-claro). Mas também pensei que poderia aproveitar o material dos vários e-mails catárticos que troco com uma certa constância (“Pequenas Obsessões”, é um bom título). Neste momento a ideia de tomar mais uma xícara de café, como Professor Girafales e Dona Florinda, volta a me assombrar. Não posso, tenho que escrever meu livro novo, digo para meu eterno interlocutor imaginário. Esse lance de fluxo de consciência é uma doideira, o texto capta praticamente o meu cérebro em voz alta, e já ouvi que escrevo como falo, que as pessoas (as que leem, sabia que a média de leitura do brasileiro é de um mísero livro por ano?) me veem falando quando escrevo aqui, me dá sono, penso que este raro momento está tão quieto que dava até para tirar um cochilo, ninguém ia perceber, mas não posso porque tenho que escrever livro novo. Antes, tenho que mandar este texto para a professora, aliás, queria deixar um abraço para a Carmem Castro, cuja aula me fez escrever hoje, inclusive tive a ideia para este post e para a frase “comecei a escrever livro novo hoje”, embora já tivesse pensado nessa frase antes. Ou acho que pensei (inconsciente se manifestando?). Acabo de lembrar que amanhã tenho aula sobre desenvolvimento infantil, daqui a pouco as provas já estão chegando, tenho quilos de coisas para ler. Fora os livros destruídos (75% da cultura da Grécia foi perdida, sabia disso?), a Arca da Aliança e as tábuas perdidas com os Dez Mandamentos na História Universal da Destruição dos Livros. Então preciso estudar e a xícara de café vai ficar para a próxima. Mas quem sabe um chimas? Ou olhar meus e-mails agora? Ver videos no youtube, tirar um cochilo, passear pela floresta enquanto o lobo não vem? 

Mas não era nada disso que eu queria dizer.

Só queria dizer que comecei a escrever livro novo hoje.

Mas por enquanto isso é tudo o que sei dele.

8 comentários:

  1. Do caralho, meu! Tô superfeliz com esta notícia! Já estou supercuriosa pra saber do que se trata. Já estou louca pra ler.
    bjos

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    1. Pois é, eu também estou curioso para saber do que se trata...:) Mas acho que o difícil é começar, depois a coisa vai. E constância, claro. Preciso de constância.

      Bjos, bjos

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  2. Uma palavra, uma frase, um parágrafo, uma página, um capítulo de um blog ou de um livro... o importante é escrever. Persista! ;-)

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    1. Legal. Bela dica. O Stephen King disse que qualquer livro, mesmo um muito grande, se escreve da mesma forma: uma palavra de cada vez.

      Sim, vou persistir.:)

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    2. Pois, um, não, dois, é, três?! Seguindo esse princípio, tenho já vários livros sendo escritos... Resta coragem para editar e publicar, mas tudo tem seu tempo certo. Só publico quando um texto me grita: publique-me, publique-me, já estou mais do que bom!!! Às vezes eles mentem, os textos... Persista sim!

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    3. Obrigado. A gente tem que perseverar para escrever E para publicar. Mas acima de tudo, para chegar ao fim do texto. Um texto pela metade, me ocorreu agora, é como um aborto. Ele tem que nascer, e só pode nascer depois de estar "pronto" (pois o texto nunca está pronto, no sentido de perfeito). Persista você também. A gente escreve. Se ficar ruim, melhora, não mostra pra ninguém, mas pelo menos escrevemos, ele é real (claro que isso é mais fácil na teoria do que na prática..:) Também tenho medo de não conseguir, de ficar uma porcaria. Mas lembremos: um livro ruim é melhor do que livro nenhum. :)

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  3. Cara, muito bom esse texto. Não apenas o conteúdo, mas a forma também. É o texto de alguém que tem um desvio de atenção sério escrevendo sobre o assunto. A forma e o conetúdo estão alinhados. Talvez nem tenha sido essa a tua intenção, simplesmente é assim. Esse tom proximo de conversa não soa artifical, ou forçado , algo como "olha cada sacada que eu coloco." Acho que essa é a tua melhor forma, mas despojado, fluído. Escreva mais e reclame menos das pessoas do facebook. Escreva.

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    1. Obrigado pelo comentário. Muito fera.

      "Escreva mais e reclame menos das pessoas do facebook". Hmm, acho que vou escrever mais E reclamar das pessoas do facebook. Aliás, vou escrever texto novo agora. Valeu a dica.

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