segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Depois do Nanowrimo - Dia 37

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Eu acho que você deve escrever, pareço ouvir sua voz dizendo.

Não apenas porque talvez eu jamais seja escritora, e não apenas – como toda noite – estou cansada, e não porque – sim, toda noite também – eu não... 
tenha a menor ideia de sobre o que vou escrever. Mas ia dormir sem escrever nada hoje, pelo simples motivo (além dos já citados, não vou ser hipócrita) de que não sei onde o menino Marcos se encaixa na história. Ainda não sei qual seu parentesco com Clara, embora suspeitemos (porque acho que você pensa a mesma coisa) de que se trata de um irmão.

O homem magro e moreno fazia com ele o que fazia com Clara?

Não sei.

E ele já fazia isso antes de voltar a beber?

Acho, porque não me lembro, que já tive essa dúvida antes. Ainda não sei. Mas ontem sonhei com Clara, e ela estava sorrindo, como antes de tudo isso começar tenho certeza que sorria. Ela estava abraçada em um boneco que era maior que ela, um boneco de pele negra. Não sei que material era aquele, suspeito que era um tipo de estofado com recheio de esponja. E ela estava tão feliz. Fazia tempo que não imaginava ela tão feliz. Com um sorriso do tamanho do mundo. Talvez tudo o que eu tenha escrito até agora seja para recuperar aquele sorriso, que parecia ser como uma galáxia abrigando seus planetas, um arco-íris de esperança na sua então inocência de criança.

Ela era uma princesa.

Linda sorrindo daquele jeito.

Abraçada no boneco, como protegendo ele, como orgulhosa dele. Será que alguém tinha orgulho dela? Acho que Maria tinha. E eu tenho, enquanto escrevo isso. Clara, em quem penso noite após noite, a garotinha que me faz escrever mesmo quando estou cansada, mesmo quando não tenho a menor inspiração – o sorriso que vejo na tela da minha mente, por alguns segundos, apaga a dor do mundo.

Queria que apagasse para sempre.

Se ela sorrir de novo, será que apagaria?

Ó, Clara, sorria hoje, sorria mais uma vez. Por você e por mim. Sorria e siga em frente. Sorria e finja que não dói. Porque se você acreditar, talvez eu acredite também.

Você ainda não sabe, mas pensar em você me mantém viva mais um dia. E enquanto escrevo, você também fica viva mais um dia.

Não desista da vida, garotinha. Não desista de você.

Eu não vou desistir.

Um comentário:

  1. Mesmo vc falando em vida nesse capítulo, agora levanto a teoria de serem memórias de uma garotinha no limbo, antes dela ir para o céu, como no filme Um olhar do paraíso, já assistiu?

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