quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Depois do Nanowrimo - Dia 40


Continuo triste.

Pareço uma garotinha escrevendo em seu diário, e nem escrevendo todo dia estou, mas o fato é que continuo triste.

Maria Melancólica. Sabe que esta terapia deve estar fazendo efeito, porque quase esqueci que não gosto do meu primeiro nome, de tanto que me chamo por ele: Maria Alguma Coisa, Maria Sei Lá Mais O Quê. Maria, cada dia um novo dia, ou melhor: cada noite uma nova noite. Tentei escrever de dia. Não é a mesma coisa. Tem uma mágica na noite que só existe depois que o sol se põe, e ver o sol descer na tardezinha é como descer pelo escorregador, a promessa de que há algo lá na frente, mesmo que a gente ainda não consiga pensar, apenas sente, apenas vive, desce o escorregador, vê o sol descer e bum: é noite e tenho que escrever. Sem a menor vontade, sem a menor ideia do que vou escrever, como está acontecendo religiosamente every single day (viu que pedante?).

Mas imaginar uma metáfora com um escorregador me fez de lembrar de Clara, a doce Clara que, mesmo que eu não soubesse, parece ser o motivo de estarmos aqui. Pelo menos é uma personagem sobre a qual consigo discorrer. O pai-monstro já desisti de tentar batizar. Vai ver nem ela lembrava. Li em um desses pedaços de texto que Sarah deixa por aqui, imagino que estrategicamente, que quando alguém, especialmente se for criança, sofre um trauma considerável (e afinal, que trauma não seria considerável?), ela pode ter amnésia.

Será que é por isso que não consigo batizar esse homem maldito? Porque Clara também não lembrava seu nome?

Mas é só uma história, um personagem, uma droga de um nome.

Maria, Péssima Escritora.

Entretanto, devo confessar que pensar o que recém pensei fez um arrepio costurar pela minha espinha.

Neste momento, em que imagino todos estarem dormindo, os tais que se vestem iguais e que habitam do outro lado desta porta quase sempre fechada, embora, reconheço que não sejam exatamente iguais, nem nas caras, nem nas roupas, mas me parecem ser a mesma pessoa, que é pessoa nenhuma, e me sinto sempre sozinha nesta porcaria de lugar, tomo um leite.

Veja quantas palavras amarrei para fazer uma frase longa na frase anterior: era só para dizer que estou tomando leite agora.

E eu com isso, você me pergunta.

Hoje estava pensando que preciso de você. Não, é claro que o leite não tem nada a ver com isso. Mas preciso de alguém que me leia e que me escute, mesmo que você não me leia nem me escute todos os dias – talvez castigo por eu não estar escrevendo todos os dias. Será isso?

Outro arrepio. Não, não foi um arrepio, foi só uma...

Dor.

Chega de castigo.

Eu não quero mais castigo.

Por favor, chega de castigo.

Vou parar de escrever antes que comece a chorar. 

Talvez eu tente de novo amanhã.

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