quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Depois do Nanowrimo - Dia 41



Você pode achar que estou brincando, mas é verdade: lembro quase nada do que escrevi antes.

Fica cada vez mais difícil escrever, e cada dia que insisto em contar esta história incontável, porque é impossível uma escritora – a menos que seja uma escritora muito ruim, como eu – contar uma história que não existe sequer em sua cabeça. Eu não me lembro dos nomes.

Digo, não consegui inventar nomes.

Mas acho que tinha Marco, que era o irmão, e tinha Lara, que era a irmã. A irmã de Maria, a mãe de Clara. Hmm, talvez montar uma arvorezinha genealógica desta família me ajudasse um pouco. Temos o homem magro e alto de cabelos lisos e negros, que é o pai. Pelo menos imagino ele sendo o pai. Temos Maria, e essa supõe-se que seja a mãe. Uso esses termos porque ainda não tenho certeza, mesmo depois de 41 dias escrevendo quase – quase – todos os dias, ou todas as noites, que esta história é o que aparenta. Eu disse que Lara era a irmã, mas não podia ser a irmã do homem moreno, a menos que eles tivessem uma relação incestuosa – o que também não é impossível, levando em conta o que ele fazia com a pequena Clara. Mas prefiro pensar que Lara era irmã de Maria, a mãe, e sei que ela teve algo com o homem moreno. Deve ter sido assim: Maria foi para o hospital, ainda não sei bem por quê, e Lara se mudou para casa para cuidar de Clara. E havia um menino, que em minha imaginação era irmão de Clara. 

Esse menino era Marcos? Ou havia um outro menino? Podia haver um filho não assumido, considerando que duvido que Maria soubesse que seu marido tivesse um caso com sua irmã. Será que foi por isso que ela foi pro hospital? Cogitei depressão pós-parto, mas Clara não era mais tão bebê quando isso aconteceu. A menos que Maria tivesse ido para o hospital outras vezes, o que é bem provável. 

Não consigo ser escritora, nem detetive. Maldita hora em que fui dar ouvidos a Sarah e comecei a escrever tudo isto aqui. 

Mas em minha fantasia, e quero muito estar errada, e acho que eu posso mudar o destino, pois sou a Dona da História, e nem você nem eu temos a noção do quanto sou a Dona da História, pelo menos ainda não, mas se não estiver, é possível que Maria tenha entrado em depressão e se internado no hospital porque enfim descobriu o que acontecia debaixo de seu nariz, em sua própria casa, e mãe, uma mãe jamais permitiria isso, mas aí já estava acontecendo, e talvez ela tenha se tocado que já estava acontecendo, e talvez ela tenha tentado impedir, talvez tenha tentado fugir, fugir elas duas. Uma dor tão grande quanto só uma mãe entenderia.

Meu deus, será que foi assim que aconteceu?

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