terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Depois do Nanowrimo - Dia 44

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01:04

Você diz que estou atrasada alguns dias. Maria Atrasada, porque não escrevo todos os dias. E bem quando estou decidida a jogar esta história mal escrita no lixo, eis que surge a sua voz me cobrando: onde estão os outros trechos, cadê essa droga de novela? Veja, já estou até classificando isso que estou tentando fazer de novela. Hoje decidi variar. Me tranquei aqui, e é começo de madrugada.

Estou com uma taquicardia. Raiva? Talvez. Vontade de quebrar tudo? Pode ser. De xingar todo mundo? Sim, ia ajudar. Mas como quem ainda não dormiu, está para dormir neste lugar, nesta hora anódina em que o tempo parece parar, tudo o que me resta, como geralmente resume o tudo que me resta sempre, é escrever.

Pensei agora pouco no garoto, porque havia um garoto nesta história. Eu acho, porque não tenho certeza de nada – e porque sou uma escritora muito da chinfrim – que ele era irmão de Clara. Talvez não irmão de pai e mãe, talvez nem irmão. Ele podia ser filho de Lara, e acho que o nome dele é Jonas. 

Se você tem uma memória razoavelmente razoável, vai lembrar, porque acabo de me lembrar disso, que em uma dessas noites me referi a você, a voz na minha cabeça, meu interlocutor nem sempre imaginário, a voz que às vezes parece a voz de Sarah, como sendo Jonas. 

Meu irmão Jonas. 

Lembra?

Sei lá, mas foi o nome que me apareceu para batizar aquele garotinho e como não tenho nenhuma criatividade, vou chamar o garoto desta história de Jonas. O que tem ele? Eu também não sei, mas vou escrever até que meu inconsciente dite alguma coisa. Sarah insiste em eu simplesmente escrever, porque a partir disso – de uma história que não vai dar em nada – talvez eu descubra como vim parar aqui. Eu também penso em um acidente que talvez tenha me feito esquecer de minha vida pregressa. Mas isso seria demasiado óbvio, e só se esta história estivesse sendo contada por outro autor que não tivesse a menor habilidade para contar histórias. 

Pois bem, o nome do garoto é Jonas. Vejo ele tomando banho em um boxe. O homem moreno e alto de cabelos lisos fazia com ele o que fazia com Clara? Isso eu ainda não sei. Ele era filho de Lara, acho que era isso. Lara era irmã de Maria.

Suspiro. Maria, como o meu primeiro nome, e não sei se tem a ver com o fato de eu não gostar do meu primeiro nome, mas suspiro de novo, e cada vez que lembro que inventei uma personagem que era casada com aquele homem, uma personagem que passou por aquilo que intuo que ela tenha passado, e que tem o mesmo nome que eu, me dá vontade de chorar.

De gritar.

De quebrar tudo.

E depois chorar, escondidinha neste quarto, com a porta fechada. Amanhã talvez alguém perguntasse se aconteceu alguma coisa, e eu ia mentir que não, está tudo bem, se melhorar, estraga. Mas se melhorar, não vai estragar. Não há mais o que estragar nesta história. Maria, sem querer, ensinou Clara a ligar o fogão. Tempos depois ela se internou no hospital, de novo. Lara tinha se comprometido a cuidar das crianças, mas teve um caso com seu cunhado. Clara ia cada vez pior na escola. O homem moreno cujo nome não consigo criar era médico e ninguém podia tocá-lo, nem acusá-lo, nem nada. O homem alto e moreno de cabelos lisos, que molestava a filha, era indestrutível. Clara já havia tentado se matar pela primeira vez.

Acredite, não há mais o que estragar nesta história.

01:24

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