sábado, 9 de novembro de 2013

Nanowrimo - Dia 9


Começa a chover.

Alguém tentou matar alguém. Tive um flash hoje. Foi agora ou já faz tempo? Muito tempo, talvez? Tive ideias, mas de novo não anotei. Será que tenho amnésia para coisas recentes? Já ouviu falar de Wernick-Korsakov? Pessoas com amnésia recente, de não se lembrarem o que fizeram segundos atrás podem ter isso. Acho que eu não tenho. Mas vai saber...

E então, a trilha continua. Em tempos outros, achava o maior charme começar frases com “e então”. O então, para mim, durante algum tempo, foi a Mercedes das conjunções. E então... e lá vem uma guinada no texto.

Ainda não sei o que escrever e lembro vagamente o que escrevi ontem, e nos dias anteriores. Apenas sei que há alguns segundos comentei que tinha começado a chover. O que acontece agora? Não ouço trovões – mentira, ouvi um agora – e o relógio volta a correr. Ele nunca parou, mas só agora volto minha atenção para ele. Já intuo como vai terminar esta história, mesmo que ainda não nos conheçamos direito. Nem podíamos, fomos separados há muito tempo.

Veja, outro flash. Já nos conhecíamos. Mas de onde? E quanto tempo passou sem que nos víssemos?

Por isso escrevo. Para resgatar algo que foi perdido, e não quero que seja “perdido” de “perdido para sempre”. A mulher, a irmã, o homem moreno e Clara, todos sumiram. Mas hoje o homem moreno estava de óculos escuros. Confesso que senti medo. Dos óculos? Não sei, mas senti medo daquele homem alto e moreno, e ainda mais de óculos escuros. Sei que ele não me viu, mas juro que pensei que ele estava me observando. Talvez esteja inclusive escrevendo uma história sobre mim, enquanto escrevo sobre ele, e todos nos enganaremos no fim.

Mas o mais provável é que em algum momento, senão ele, um homem alto e moreno e de óculos escuros tenha me observado. Observado demais. Comecei este texto dizendo que alguém tentou matar alguém. Será que uma coisa tem a ver com a outra? A história está voltando. Alguém tentou matar alguém. Alguém morreu, ou foi só tentativa? Alguém incendiou a casa? Que casa? Casa de quem? Tinha alguém dentro? Insisto: casa de quem? Houve um processo? Vingança? De quem para quem? Que recado foi esse que não consegui captar?

Tenho amnésia de coisas recentes. De vez em quando esqueço o que aconteceu segundos atrás. Segundos atrás ou anos atrás? Esta história que estou tentando resgatar está acontecendo agora... ou relato algo que já aconteceu? Será que é por isso que eu queria mudar o final? 

4 comentários:

  1. Sim, narrador, percebi que me ignoraste e isto é bom para tua história: que ela siga sem mim ou meus pitacos, e como o homem que talvez tenha te observado, também sigo observando, porém agora em silêncio para ver onde pretendes chegar, pelo menos até o próximo dia (ou capítulo) e o ciclo relogionar que não pára, como eu, por enquanto, por aqui. Teu leitor.

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  2. P.S.: lógico que o comentário anterior é do leitor fictício para o narrador fictício e tem um pouco a ver com o tipo de chantagem que - imaginei - estaria fazendo a mulher que está no hospital: chantagem emocional he he he. Grande abraço!

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